22 de maio de 2006

Descanse em paz

Tarja preta (Luis Zanin Oricchio)
Hoje o cinéfilo digno desse nome deveria andar de braçadeira negra em sinal de luto: fechou o Top Cine, uma das poucas reservas do cinema de arte desta cidade. Leio no Estadão que os novos proprietários do shopping têm outra destinação em mente para o espaço. Não dizem o que é, mas suspeita-se que venha aí mais um multiplex voltado ao cinema-pipoca, ou seja, ao lixo reciclável da indústria. Não sei e nem quero saber de razões comerciais. Isso é lá com eles, que são donos do pedaço. O que sei é que naquelas duas salas via-se de Godard a Rohmer, e o que de melhor se faz ou se fez no cinema mundial. Digo isso porque o Top Cine se ocupava também de relançamentos, fazendo com que títulos clássicos voltassem à circulação, como foi o caso recente de ‘Pele de Asno’, de Jacques Démy, que esteve em cartaz até ontem, quando o cinema fechou as portas. Por isso, quem gosta do cinema como arte precisa prestigiar os espaços “inteligentes” onde ele ainda tem vez. [...] Resistir é preciso.
(O Estado de São Paulo – Guia, p. 49. 12/V/06. SIC)
Será que esses tais críticos vão mesmo ao cinema?

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P.S.: Ironicamente, vizinho ao ex-Top Cine, fica o Reserva Cultural, outra “das poucas reservas do cinema de arte desta cidade”;
P.P.S.: Ainda falando de cinema de arte, na região da Paulista, existem vários que prestam. Além do Reserva Cultural já citado, temos o Espaço Unibanco, o Cine Bombril, o HSBC Belas Artes...
P.P.P.S.: Justiça seja feita, Oricchio, ao citar os “espaços ‘inteligentes’”, indicou o interessante cine-debate “Conversas ao Pé do Filme” que acontece no Centro de Cultura Judaica (Rua Oscar Freire, 2500). Vale a pena conferir;
P.P.P.P.S.: Minha falta de talento para fazer figuras deixou a tirinha mais torta que as imagens que projetavam na tela do Top Cine.

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