_____Semana passada fui ao Teatro Popular do SESI (Centro Cultural FIESP), para assistir a peça Educação Sentimental do Vampiro, baseada em contos de Dalton Trevisan. Sinceramente, foram duas horas muito longas e eu saí da peça afirmando com todas as letras: os contos são melhores. Só que para isso, são necessários alguns critérios.
_____A maior parte dos contos foi montada em cima de chavões bobos. Tudo que se podia era feito para deixar claro que o clima era underground; só que clima underground montado em cima de lugares-comuns não é nada underground. Um monte de clichês para montar alguns contos de um escritor tão atípico como Dalton Trevisan é praticamente um desrespeito.
_____Os contos eram quase que todos narrados com o insuportável tom monocórdio “isto é uma tragédia”, não importa quantos atores estivessem narrando. Pareciam garotos de quinta série querendo contar uma história de terror ou um professor de literatura sem imaginação lendo um poema de Augusto dos Anjos. Sem contar que a distribuição dos atores no palco desviava a atenção do ótimo texto que estava sendo recitado.
_____Muitos livros têm características que filmes não podem ter e as peças de teatro, por seu lado, podem ter outras vantagens. Cada caso deve ser visto com esmero e, quanto maior a cultura adquirida, maior a possibilidade de se julgar de maneira válida. No caso da peça Educação Sentimental do Vampiro eu aconselho o público a ficar em casa lendo o Dalton que vale mais a pena. Mas, também, não sou o dono da verdade. O melhor mesmo é conhecer para poder criticar. Portanto, faça assim: leia, agora, o conto “Uma vela para Dario” e vá assistir à peça nos dias gratuitos (quartas, quintas e domingos). O conto “Uma vela para Dário” é o primeiro do espetáculo; quando o conto acabar e você perceber que eu tenho razão, levante e vá embora.*
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* Se for mesmo levantar e sair logo no começo, seja educado e sente no fundo para não atrapalhar os pobres infelizes que ficarão sendo torturados vendo as próximas duas horas de peça.
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