7 de dezembro de 2007

Respondendo aos meus leitores

_____Meu artigo do dia 26 de novembro (“Propagandas e mentiras”) causou algumas reações em meus leitores que, acredito, merecem respostas.

_____Uma amiga minha disse que eu era muito exagerado e peguei muito pesado ao atacar a propaganda do Ford EccoSport. Pearl, uma leitora muito querida deste blog, até brincou sobre o assunto nos comentários. Após falar um pouco sobre a Anne Frank, Pearl disse, jocosamente: “Quanto à publicidade, alguém acredita nela?”. Pois bem, minha resposta às duas mocinhas, é: não exagerei não, pois, por mais triste que pareça, muita gente acredita na publicidade sim.

_____Eu poderia falar agora sobre Paul Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, e a famosa frase atribuída a ele: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Entretanto, vou preferir citar um trecho de um maravilhoso artigo de Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, publicado na revista Carta Capital, que já indiquei aqui em outra oportunidade:

Assim como os antigos sacrificavam colheitas, gado e até os filhos a ídolos e ícones aos quais seus sacerdotes atribuíam poderes imensos e uma profundidade insondável, a humanidade da era industrial sacrifica tempo, espaço, riquezas naturais e, às vezes, as próprias vidas a essas máquinas às quais os publicitários atribuem virtudes igualmente mágicas. Até as guerras empalidecem ante as estatísticas do trânsito, sem que isso inspire tanto horror quanto seria de esperar. Trata-se de sacrifícios humanos socialmente aceitos.

_____É uma pena, mas os problemas que os carros causam realmente se tornaram sacrifícios humanos socialmente aceitos. Ou, alguém acha que propagandas como estas (cliquem nos links), não levam alguns imbecis cabeças-ocas a atitudes como as do vídeo abaixo?

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_____O Chantinon, do blog Caos Urbanus, além de fazer alguns comentários interessantes, perguntou: “Já parou para pensar que até a Anne Frank pode ser um personagem criado?”. Achei que, também, valia uma resposta pública.

_____A pergunta se Anne Frank realmente existiu ou não já foi feita por diversos pesquisadores. O prefácio da minha edição da BestBolso deixa o assunto (e a solução) bem claros:

Quando morreu, em 1980, Otto Frank [, pai de Anne,] deixou os manuscritos da filha para o Instituto Estatal Holandês para Documentação de Guerra, em Amsterdã. Como se questionava a autenticidade da publicação, o Instituto para Documentação de Guerra mandou fazer uma profunda investigação. Assim que foi considerado autentico, sem qualquer sombra de dúvida, publicou-se o diário na íntegra, juntamente com os resultados de um estudo exaustivo. The critical edition contém (...) artigos sobre o passado da família Frank, as circunstâncias relativas à sua prisão e deportação e o exame da caligrafia de Anne, do documento e dos materiais usados. (p.8)

_____Quem se interessou e quiser conhecer mais sobre o assunto, é só procurar o livro The Diary of Anne Frank: The Critical Edition, de preferência, as edições posteriores a 2001.

_____E se alguém quiser conhecer uma pesquisa para ver como se faz para descobrir quem é o autor de um texto, a minha preferida é a do livro Cocanha: a História de um país imaginário, de Hilário Franco Jr.. É um estudo maravilhoso e deixa bem claro para o leitor como se faz uma pesquisa realmente séria.

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